Existe tratamento para perda de audição? Entenda

Aparelhos Auditivos

A perda de audição é um problema que afeta milhares de pessoas de diferentes idades. Ela pode ser congênita, desenvolver-se com a idade ou ser causada por agressões externas. Principalmente quando relacionada à idade, é comum pensar que ela é “normal” e que não pode ser tratada. Mas, será que a perda de audição tem cura?

Uma das maiores dúvidas dos pacientes com perda auditiva é saber se escutarão bem novamente. Afinal, o tratamento para perda de audição e a possibilidade de cura dependem da intensidade da deficiência e da sua causa.

No texto de hoje, falaremos sobre cada tipo de perda de audição e os seus tratamentos. Acompanhe!

Perda de audição

A perda de audição é caracterizada pela falta de capacidade da pessoa de escutar os sons ambientes de forma adequada e compreender a fala humana. A Organização Mundial de Saúde (OMS) estima que um em cada sete brasileiros sofrem de algum grau de perda auditiva, mas costumam demorar cerca de cinco anos até procurar o tratamento especializado.

As principais causas da perda de audição são:

  • exposição à poluição sonora constante, como ruídos e barulhos altos;
  • envelhecimento, que danifica as células do ouvido interno;
  • causas genéticas;
  • toxicidade de medicamentos;
  • infecções que causam danos ao ouvido.

A perda auditiva é classificada de acordo com a localização das estruturas afetadas do aparelho auditivo. São quatro tipos:

  • Neurossensorial: a perda é causada por danos no nervo auditivo ou nas células ciliadas presentes no ouvido interno. Essas células “passam” a informação sonora recebida no ouvido para o nervo auditivo, que a conduz até o cérebro. As ondas sonoras chegam ao ouvido, mas não conseguem ser transformadas em impulsos elétricos para o sistema nervoso;
  • Condutiva: a perda acontece pois os sons não conseguem passar do ouvido médio e chegar até o ouvido interno para serem transmitidos para o cérebro. É causada por um “bloqueio” na passagem devido ao acúmulo de cera, fluido de infecções, perfuração do tímpano ou problemas nos ossos auditivos;
  • Mista: combinação de perda auditiva neurossensorial e condutiva, causando problemas no ouvido externo e interno;
  • Neural: ausência ou dano total do nervo auditivo. É considerada profunda e permanente, e não pode ser tratada com os métodos utilizados para os outros tipos de perda, pois não é possível transmitir informações sonoras para o cérebro.

Diferença entre cura e tratamento

Nem tudo na medicina é curável. Algumas condições de saúde permanecem sem uma saída definitiva do quadro, por vezes sendo chamadas de “incuráveis”.

Esse termo, no entanto, carrega um estigma muito grande, sendo compreendido como se não houvesse mais nada a fazer. Não é bem assim: em algumas situações, ainda é possível aumentar a qualidade de vida do paciente por meio do tratamento.

Tratá-la, por sua vez, pode ser um processo que durará pelo resto da vida. Vemos isso em nosso cotidiano: uma pessoa que tem pressão alta, por exemplo, não cura a sua doença — ela realiza um tratamento que, na maioria das vezes, dura a vida toda. É com esses conceitos em mente que planejamos a abordagem de doenças, incluindo a perda de audição.

Importância de um diagnóstico preciso

Como mencionamos anteriormente, não há apenas um tipo de perda de audição. Esse termo se refere a uma série de doenças, com processos distintos de diminuição da acuidade auditiva. Por isso, é importante diferenciar esses diagnósticos justamente porque eles implicam na possibilidade de cura — e, consequentemente, no tratamento.

A perda auditiva do tipo condutivo, por exemplo, é um dos diagnósticos que podem ser dados. Dentre suas causas mais comuns estão a impactação de cerúmen, o acúmulo de secreções e a perfuração timpânica. Uma vez resolvido o quadro ou retirada a obstrução, a audição volta ao que era antes. Por isso, sim, a perda de audição tem cura!

Já a perda auditiva neurossensorial é considerada incurável. Porém, na maioria das vezes, ela não é intratável. Isso significa que os portadores dessa doença terão que conviver com ela pelo resto da vida, no entanto, a acuidade auditiva pode ser significantemente recuperada por meio de aparelhos auditivos. Assim, é possível voltar a ter uma boa qualidade de vida.

Por esses e outros motivos, o diagnóstico da perda auditiva é fundamental. Para isso, é preciso contar com profissionais habilitados, como otorrinolaringologistas e fonoaudiólogos. Dentre os exames utilizados para a avaliação da perda auditiva, o teste auditivo e a imitanciometria configuram algumas das escolhas principais.

Tratamento para perda de audição neurossensorial

A perda auditiva neurossensorial está relacionada a danos nas células ciliadas ou no nervo auditivo. Esses danos não podem ser revertidos após instalados, por isso, considera-se que não há cura para esse tipo de perda de audição.

Porém, existem diversos tratamentos eficientes que reduzem o impacto do problema e melhoram consideravelmente a capacidade de ouvir.

As perdas classificadas como leves, moderadas ou severas podem ser tratadas com o uso de aparelhos auditivos — dispositivos eletrônicos que têm o objetivo de amplificar os sons do ambiente, de forma que a pessoa consiga ouvi-los. Seu funcionamento ocorre da seguinte forma:

  • o som é captado em um pequeno microfone do aparelho;
  • após conversão das ondas em sinais elétricos, eles são transmitidos para um amplificador;
  • o amplificador aumenta a potência desses sinais e os envia para o ouvido interno por meio de um receptor.

Diversas funcionalidades e novas tecnologias estão disponíveis nos aparelhos auditivos para aumentar a qualidade dos sons escutados: tamanhos diferentes, botão de volume, neutralização dos ruídos de fundo e modelos à prova d’água são algumas especificações. O modelo é escolhido de acordo com as necessidades individuais de cada pessoa.

Os aparelhos auditivos costumam ser uma boa alternativa de tratamento para grande parte dos casos de perda auditiva neurossensorial, pois possuem valores mais acessíveis que outros dispositivos, têm uma boa aceitação e trazem uma melhora significativa para a audição.

No caso de não adaptação e falta de resposta ao aparelho ou perda auditiva profunda, pode ser necessário o uso de outros dispositivos, como:

  • Implante de ouvido médio: o som é detectado e transformado em sinais elétricos, transmitidos para um transdutor de massa flutuante (FTM). Esse transdutor converte os sinais em vibrações mecânicas, que estimulam diretamente as estruturas do ouvido médio, conduzindo o som ao ouvido interno;
  • Implante coclear: dispositivo eletrônico que tem o objetivo de substituir as funções das células do ouvido interno quando elas já foram muito danificadas. Ele estimula o nervo auditivo e recria as sensações sonoras.

Tratamento para perda de audição condutiva

As perdas auditivas condutivas costumam variar de grau leve a moderado. Como citamos, elas ocorrem devido a um problema localizado no ouvido externo ou médio. Esse problema precisa ser identificado para que o tratamento adequado possa ser instituído, que varia de acordo com o caso.

O otorrinolaringologista avalia o paciente para determinar a causa da perda e as estratégias de tratamento. Esse tipo de perda de audição pode ser temporário e, nesse caso, o objetivo é o de curar a deficiência. Entre as opções de tratamento, estão:

  • uso de antibióticos para infecções do ouvido;
  • retirada do tampão de cera que impedia a passagem das ondas sonoras;
  • cirurgia para correção do tímpano perfurado;
  • procedimento para retirada de objetos ou insetos que ficaram presos no canal auditivo.

A perda auditiva condutiva não tem tratamento curativo quando é causada por problemas nos ossos condutivos do ouvido, que ocorrem devido a malformações congênitas isoladas ou associadas a síndromes. Nessas situações, o tratamento é feito por meio do uso de:

  • aparelhos auditivos tradicionais;
  • aparelhos auditivos por condução óssea;
  • aparelhos auditivos ósseos implantados.

A escolha do aparelho é feita de acordo com o grau de perda e a adaptação do paciente.

Tratamento para perda de audição mista

A perda auditiva mista é tratada de acordo com o seu grau de intensidade, fatores causais, estruturas anatômicas do ouvido e particularidades de cada pessoa. O tratamento pode combinar diferentes técnicas para o alcance do melhor resultado possível. Pode incluir:

  • medicamentos;
  • cirurgias;
  • aparelhos auditivos convencionais;
  • implantes de ouvido médio.

Prevenção para perda de audição

Os ouvidos são órgãos sensíveis, que merecem atenção para não sofrerem as agressões do dia a dia.

Hoje, sabemos que infecções, traumas e exposição a ruídos extremos podem danificar as estruturas dos nossos ouvidos. Por isso, separamos alguns cuidados com a saúde que você pode começar agora mesmo a implementar no seu cotidiano para evitar a perda auditiva.

Fique atento às suas medicações

Algumas pessoas têm a sensação equivocada de que os remédios possuem poucos efeitos colaterais. A princípio, isso é verdade: para ser lançado no mercado, qualquer medicamento tem que passar por uma série de testes de qualidade. No entanto, alguns podem afetar as células do ouvido e causar perda permanente de audição.

Dentre os medicamentos que causam esse efeito colateral estão antibióticos e diuréticos. Uma dica é sempre ler a bula e não praticar a automedicação, visto que esse efeito sutil pode passar desapercebido. Outro cuidado especial é com crianças: elas estão especialmente susceptíveis a alterações nos primeiros anos de vida, e a perda auditiva só será notada depois.

Tenha cuidado com fones de ouvido

Os fones de ouvido passaram a fazer parte do cotidiano de muitas pessoas. Andando na rua, em casa ou com a família, quem não quer relaxar com sua música preferida? Embora prazeroso, esse hábito pode ser prejudicial para a audição. A exposição contínua a ruídos pode danificar estruturas do ouvido e ser uma causa de surdez.

Se você é usuário desse acessório, faça um teste rápido: o volume em que você ouve músicas no fone de ouvido é o mesmo de alguns anos atrás? Provavelmente não. Isso acontece porque tendemos a aumentá-lo, em busca de uma experiência musical mais intensa. Essa é outra prática que pode ser prejudicial à saúde auditiva.

Use cotonetes, mas delicadamente

Como já mencionamos neste artigo, a impactação de cerume é uma das causas de perda auditiva de condução. Por isso, realizar a higiene do ouvido e da orelha é essencial, e uma das maneiras mais corriqueiras de fazê-la é pelo uso de cotonetes — as hastes com algodões na ponta. No entanto, eles podem não ser tão bonzinhos como parecem.

Atualmente, sabemos que o uso de cotonetes está associado em larga escala à perfuração dos tímpanos. Isso ocorre devido ao seu formato, que atua como um bastão. Assim, limpezas mais agressivas podem causar agressões que também causam surdez.

Uma dica é prestar atenção na forma de limpar os ouvidos: realize movimentos circulares e delicados, sem inserir o cotonete profundamente. Uma alternativa é substitui-lo por um simples algodão, embebido em água morna e peróxido — embora precisem de mais cuidado, os medicamentos específicos para remoção de cera também podem ser utilizados.

Previna as inflamações

A inflamação dos ouvidos — muitas vezes associada a infecções como a otite — está relacionada à perda auditiva. Existem algumas boas práticas que podem ser aplicadas para evitar essas agressões ao órgão:

  • quando for nadar, utilize uma touca de proteção e evite o contato do ouvido com a água;
  • evite o contato direto com pessoas que estão com inflamações no ouvido;
  • complete o seu quadro vacinal;
  • quando assoar o nariz, não o faça com muita força;
  • evite a exposição ao odor de cigarros.

Não adie a visita ao médico

A perda auditiva pode ser motivada por negligência. Algumas pessoas acham que é “normal da idade”, outras que vai passar ou que não faz muita diferença. No entanto, quando se trata de saúde, a realidade é o inverso desse raciocínio: quanto mais cedo o problema é diagnosticado, maior as chances de tratamento e mais simples as intervenções.

Por isso, caso você esteja sentido que sua acuidade auditiva está diminuindo, não perca tempo: procure por um especialista no assunto e dê aos seus ouvidos o melhor cuidado que eles podem receber!

Essa dica também é válida para crianças, já que os sintomas podem ser ainda mais obscuros nessa faixa etária. Nelas, lembre-se sempre de realizar a triagem de acuidade auditiva neonatal para o diagnóstico da perda auditiva congênita.

O tratamento tem o potencial de aumentar a qualidade de vida das pessoas portadoras dessa condição e recuperar grande parte da sua audição — mesmo que, muitas vezes, não possa trazer a cura.

Neste texto, você aprendeu que a perda de audição tem cura. Mesmo as consideradas “incuráveis” ainda podem ser tratadas e trazer de volta a sua qualidade de vida. O importante é diagnosticar a doença ainda em estágios iniciais, quando ela tem maior chance de reversão.

Agora que você conhece sobre o tratamento da perda de audição, que tal saber mais sobre a sua prevenção? Veja como é possível prevenir a surdez!

 

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